sábado, 30 de abril de 2011

Casa de Saúde do Espirito Santo

Os repórteres do Jornal D’Animação, Nuno Lopes e Rui Sá estiveram à conversa com a Dra. Maria José Barata e com a Irmã Leopoldina que trabalham na Casa de Saúde do Espírito Santo, em Angra do Heroísmo. Mostraram-nos um pouco da instituição, e deram-nos um testemunho de serviço e dedicação.




Jornal D’Animação (J.A.) - O que as levou a escolher as vossas profissões?

Dra. Maria José (M.J.)-Adoro pessoas e tudo o que eu puder fazer na minha área profissional para apoiá-las, orientá-las, dar-lhes a base para que elas possam andar pelas próprias pernas. Trabalhar com pessoas é por si só um desafia muito interessante e constante. Este é o principal motivo que me levou a escolher esta profissão.

Irmã Leopoldina (I.L.) - O ser hospitaleira é algo prioritário na minha vida, no meu dia a dia para poder dar o melhor aos doentes que carecem de muitos cuidados. Além disso há uma motivação interior que me leva a viver nesta dinâmica de estar para os outros, exercendo enfermagem, sempre tendo em conta a tónica da hospitalidade, que é o que define as Irmãs Hospitaleiras da CSES. O facto de ser enfermeira e Irmã é algo que me preenche, seduz. As duas coisas complementam-se.

J.A.– Há quantos anos esta instituição existe, aqui na ilha?

Existe há 44 anos, desde Janeiro de 1967.

J.A.– Exercem esta profissão há quantos anos?

M.J. - Trabalho aqui, como Assistente Social há 13 anos.

I.L. - Estou há 27 anos na congregação, mas na casa de Saúde do Espírito Santo trabalho há um mês e meio, na coordenação do serviço de enfermagem.

J.A. - Quais são as suas principais funções?

M.J. - Essencialmente orientar e apoiar as senhoras, a partir do momento que entram na instituição, nas suas necessidades mais prementes, ao nível das questões sociais, económicas e familiares.

I.L. - Ser presença activa como hospitaleira, sendo anúncio da missão e ao mesmo tempo a parte da coordenação ou direcção do serviço de enfermagem e das auxiliares de enfermaria; prestação dos cuidados globais à doente. Supervisão desses cuidados a nível de enfermagem e das auxiliares. Ter disponibilidade para escutar e acolher as utentes, as famílias e todas as pessoas que nos procuram. Muitas vezes as pessoas precisam apenas de um momento de atenção..
J.A.- Quais são os principais problemas com que se deparam diariamente?


M.J. - Muitas vezes as senhoras chegam com necessidade de tratamento, mas não têm consciência disso, e negam essa mesma necessidade. Outras vezes o apoio familiarnão é o suficiente. Estas duas situações dificultam o processo de tratamento.

Existem, como é normal, outros problemas, mais a nível funcional.

I.L. - Muitas vezes temos algumas dificuldades em obter resposta para diversas situações que nos são colocadas, o que nos leva a fazer o seu encaminhamento para outros elementos da equipa que trabalha aqui na casa.

Outra dificuldade é a gestão de pequenos conflitos, que naturalmente surgem.

M.J.– Às vezes a articulação com outros serviços, externos, ou com a comunidade pode ser também complicada.

Mas com boa vontade tudo é gerido e ultrapassado. O importante é resolver as situações, e acima de tudo satisfazer as necessidades das pessoas que precisam de ajuda.

J.A. - Nestes anos de trabalho devem ter assistido a muitas histórias. Há alguma que possam partilhar connosco?

I.L. - Existem muitas histórias interessantes de tantas situações que nos passam pelas mãos, e concretamente histórias de pessoas que entram para a instituição quase que destruídas, desprezadas de tudo, e com o nosso cuidar, tendo sempre em conta a vertente hospitaleira, que vamos incutindo em todos os que aqui vão trabalhando, vermos essa pessoa reabilitar, no dia a dia com a ajuda de todos os técnicos e colaboradores.

Muitas vezes, quando saem daqui, parecem outra pessoa!


M.J. - Não é necessário falarmos de uma história concreta, mas darmos um testemunho do que normalmente acontece. Por vezes aparecem situações degradantes e pouco tempo depois apresentam-se com um ar digno, saudável positivo… Parece que foi algo mágico que aconteceu, mas foi o contacto, a atenção, o cuidado, o toque, o escutar que fizeram a diferença e alteraram a situação.

I.L. - O saber estar, saber ser e saber fazer muitas vezes ajudam no processo de reabilitação, para termos estes pequenos milagres!

J.A.– Projectos futuros?

M.J.– Existem muitas ideias. Uma coisa que sinto desde que trabalho cá, é que a instituição tenta acompanhas a actualidade, tenta caminhar num patamar de vanguarda, nunca de retaguarda, ou fechada sobre si mesma. Isso deixa muitas coisas no ar.

I.L. - Acima de tudo não estagnar, mas estarmos abertos sempre à inovação, e sermos pró-activos no hoje para que amanhã vejamos algum resultado, sempre em beneficio do outro, e daqueles que nos procuram.

Uma reportagem de

Nuno Lopes (15 anos) e Rui Sá (16 anos)

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